domingo, 30 de agosto de 2009

As meias do Báltico





O sol acompanha-nos.
No jardim, os amigos aparecem, os filhos brincam, mascaram-se e fazem representações teatrais.
Para as crianças belgas, este é o último fim-de-semana antes do regresso à escola.

Acabei a primeira meia. As outras meias são da minha amiga M., cuja avó as tricotou no norte da Alemanha, nas margens do Mar Báltico. Algumas têm mais de 10 anos e a lã é exactamente igual a estas. E por mais incrível que seja, usamos o mesmo método.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Recordações de Infância (II)







Chegámos a Paris para um curto regresso ao meu passado.
Para as minhas filhas é ter enfim uma imagem real sobre tantas histórias que vou contando sobre a minha infância.
O ponto alto foi quando hoje de manhã, a directora da escola primária me abriu as portas do estabelecimento e pude, em família, partilhar os cantos de algumas salas de aulas, apesar das modificações feitas ao longo de tantos anos. Esperava encontrar o magnifico fresco no tecto que alimentava o meu imaginário, na mesma sala onde, com a pena e a tinta da china, exercitava o francês, mas o fresco foi leiloado para angariar fundos para o alargamento e manutenção da pequena escola.

Apesar de tudo, os pormenores mantêm-se e para elas os tabus foram quebrados, embora a magia se mantenha.





sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Entre céu e terra

Deixámos o Sul de França, rumo à Burgonha.



Abraçar os amigos e descobrir outros horizontes.
L'Espérance (a Esperança) é o nome dum lugar composto por cinco casas. Um oásis no meio dos campos agrícolas.
L'Espérance é a realização do sonho, o regresso à terra, ter a noção das estações, ter tempo, tempo para tudo, tempo para nada, o usufruto do tempo.







Para as crianças, são novas aventuras no paladar e o prazer de ir até à quinta vizinha buscar o leite ordenhado das tetas da vaca.
Correr pelos campos, sentir debaixo dos pés o trigo cortado, o calor da terra.



sábado, 15 de agosto de 2009

Amor à Profissão

São estabelecimentos públicos, lugares comuns como cafés ou restaurantes.
Mas são sobretudo lugares com cunhos e personalidades próprias. Chamo-lhe poesia e amor à profissão.
Fogem à regra dos estereótipos comuns impostos pela sociedade.





O Café Bert de Mirmande já fechou as suas portas devido à idade avançada do Pierre que ao longo de muitos anos foi coleccionando cacos da loiça partida pelos fregueses e com eles, criou lindas mesas de mosaicos.





L'Oiseau sur sa Branche é o café utópico ou se queremos, um restaurante onde transborda a criatividade.
As palavras brotam da ementa, das iguarias e da atmosfera em geral.





Le Claire de la Plume é a fineza da pena da Marquesa de Sévigné recriada num jardim romântico.





Não posso deixar de aqui referir o Saudade, da Mary e do Luís, porque é um pouco disso tudo, a vontade de sonhar bem alto e mostrar o que Portugal também tem do seu melhor. Em Sintra.

L'oiseau sur sa branche
La placette
26400 Saoû - França

Le Clair de la Plume
Place du Mail
26230 Grignan - França

Saudade Vida e Arte do Povo Português
Av. Dr. Miguel Bombarda, 6
2710-590 Sintra - Portugal

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Retrato de família





A minha família não é muito grande e dispersa pelo mundo.
Quando reflicto sobre a palavra dispersa, justifico sempre por causa das duas guerras mundiais ou à procura duma melhor situação economica, como no caso do meu avô materno que, na véspera da partida em 1928, foi fotografado junto dos pais e irmã.
É o retrato de família, uma bonita fotografia que teve a sua importância. O meu avô nunca mais voltaria a viver na Suíça.



Olho para a minha família, os meus pais e o meu irmão. O acaso quiz que cada um vivesse longe uns dos outros, perpetuando assim longas tradições migratorias.

Foram poucos dias todos juntos.
Não sabemos se tão cedo voltaremos a estar todos reunidos.
O retrato de família foi tirado mas porque não houve consensos para publicação neste post, uma outra fotografia foi tirada de costas para a cámara.

Os tempos são outros!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

La Soupe au Pistou



Hoje, pela primeira vez, a família está toda reunida desde o nascimento do S.
Os primos brincam enquanto as línguas e as culturas se misturam.
Abraço o meu irmão que raramente vejo.

O melhor da festa está na cozinha onde há sempre uma grande animação e cujos palavras mais ouvidas ao longo do dia são: "tenho fome".
Para calar tantas bocas a Mutti preparou na véspera uma deliciosa sopa, tipica da região "Provence" que se chama la soupe au pistou.



Para uma panela de 10 litros, a sopa levou os seguintes ingredientes acrescentados aos poucos e pela sua ordem de cozedura:
azeite, 4 cebolas, 650 gr. de bacon, 1, 5 lt. de água, sal, pimenta, harissa, 2 cubos Knorr de vaca ( ou um osso com medula), 1 tigela de feijão branco fresco, favas ou ervilhas, aipo, feijão verde, grão, feijão vermelho, alho francês, 2 tomates e uma courgette.
Todos os legumes foram cortados miudinhos.
Rectificam-se os temperos, acrescenta-se água se for necessário e quando estiver cozida, deita-se massa de tamanho pequeno e apaga-se o lume. Coloca-se a tampa.

Na refeição seguinte, basta aquecer a sopa em lume brando.
A sopa é servida com o pistou e parmesão ralado.

O pistou é composto por uma cabeça de alho, com muito manjericão cortados miudinhos e marinados em azeite.

São sabores mediterrâneos que não deixam de ser primos direitos da nossa "sopa de pedra".

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Recordações de Infância (I)









L'Ardèche. Le col des quatre Vios. Les myrtilles. Antraigues. Jean Ferrat. La chanson. La faisselle. Les châtaignes. Le pain. Les cigales. La lavande. Le soleil. Les cailloux. La 2CV. Les enfants libres.

Hoje à noite vamos estar aqui para ouvir Jazz, embora o melhor esteja na rua de forma espontânea.

sábado, 1 de agosto de 2009

Fizemo-nos à estrada





Não estava previsto escrever tão cedo um post, mas acho que o nosso mal é permanecermos calados.

Fizemo-nos à estrada.
Numa estrada que parecia não ter fim, percorremos cerca de 900 km em óptimas "auto-estradas".
Foi perto de Burgos que tivemos a nossa única portagem.
Tanto a Espanha como Portugal, receberam subsídios bilionários da União Europeia para as novas estradas.
Em Espanha, as auto-estradas são maioritariamente gratuitas, em Portugal contam-se pelos dedos da mão.
Para o desenvolvimento dum país, as vias de comunicação são fundamentais. Boas e gratuitas, seriam o ideal!

A nossa primeira paragem foi já em França no Midi-Pyrénées.
As portas estavam grande abertas e os abraços amigos calorosos.
Ontem foram mais 600 km para desta vez abraçar a família.
De onde escrevo, como o descreveu a M. no seu diário "aldeia sem carros, carros sem estrada, estrada sem pessoas...".