quinta-feira, 31 de julho de 2008

Arrumações





Elas vão crescendo, os brinquedos vão encolhendo.
Foi hoje!
Para guardar... à direita, direitinho ao sotão. Para os filhos delas, talvez para os netos.
Para dar... à esquerda. À amiga da Ju, que só tem uma boneca, e para todos aqueles que não têm a sorte delas.
Ao meio, para deitar fora porque já não são nada.
E mesmo assim, foi muito pouca coisa.
Afinal, elas vão encolhendo e os brinquedos voltam ao que eram.



Elles grandissent, les jouets rapetissent.
C'était aujourd'hui.
Garder? A droite. Tout droit dans le grenier. Pour leurs enfants, peut-être pour les petits-enfants.
Donner? A gauche. A l'amie de Ju. qui n'a qu'une poupée, et pour tout ceux qui n'ont pas cette chance.
Au milieu? A la poubelle parce qu'ils ne sont plus.
Et même comme ça, il y a eu peu de choses.
Finalement, elles rapetissent et les jouets reprennent leur véritable taille.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Ma lettre ouverte,

Vestigio

pour toi tout d'abord.
C'est mon sentiment qui s'ouvre et se dévoile. Je pense que mes mots seront correctement interprétés.
Te dire combien je suis gênée, vraiment, car tu viens d'attribuer une valeur à cet espace virtuel qui est devenu mon lien quotidien avec le monde.
Cet espace que j'ai voulu délibérément comme la Maman que je suis dans cet univers rural qui n'est pas mien, où j'essaie de prendre racine et où toute créativité prend son envol.
Me voilà avec une médaille autour du cou!
Quel lourd fardot! Je le compare à tous ces forwards que je continue à recevoir dans mes mails et que pratiquement je ne lis jamais. Certains sont superstitieux, d'autres religieux, moralistes... j'aspire à d'autres choses, vraiment!
Je me dois maintenant de choisir dans un univers sans limite, quatre blogs... c'est terrible!
C'est comme tout d'un coup avoir la corde autour du cou.
Je t'assure, je n'y arrive pas.
Ce qui fait la richesse dans la rencontre des blogs, c'est justement la diversité des différences.
Je ne peux donc attribuer, car ce serait juger et automatiquement exclure.

Sincèrement, j'ai dit.


Uma carta aberta,
primeiramente para ti.
É o meu pensamento que se abre e se desvenda, penso que as minhas palavras serão correctamente interpretadas.
Dizer-te o quanto estou incomodada, sinceramente. Pois acabas de atribuir um valor a este espaço virtual em que se transformou o meu elo quotidiano com o mundo.
Este espaço que eu quiz deliberadamente, como mãe que eu sou, neste universo rural que não é o meu, onde tento enraizar-me e onde toda e qualquer criatividade inicia os seus primeiros passos.
Eis-me aqui com a medalha ao peito.
Que fardo pesado! Comparo-o a todos estes forwards que contino a receber nos meus emails e que raramente leio.
Alguns são supersticiosos, outros religiosos, moralistas... desejo ardentemente outras coisas!
Tenho agora que escolher, num universo sem limites, quatro blogs... é terrível!
É como se, subitamente, me pusessem a corda ao pescoço!
Asseguro-te, não consigo escolher!
O que cria a riqueza do encontro através dos blogs é precisamente a diversidade das diferenças entre nós!
Pelo que percede, nada posso atribuir, pois, seria julgar e automaticamente excluir!

Disse, com toda a minha sinceridade.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

O taleigo

O primeiro taleigo!

Lembro-me, há 20 anos atrás, quando residia em Lisboa, de ver o padeiro distribuir o pão de bicicleta, com um lindo cesto de verga. Penso que desapareceu com os anos.
Na aldeia, as mulheres fazem o pão.
Eu não o faço. São outras lidas!
Mas tenho o padeiro que me deixa o pão à porta de casa, bem cedinho de madrugada.
Ele vem "montado" na carrinha para mais rapidamente percorrer as casas por cá espalhadas, as aldeias distando umas das outras.
E na madrugada adiante, vêm-se taleigos à porta de algumas casas. Mas aqui são feitos de linho (os poucos que vão sobrevivendo a invasão dos sacos de plástico).
Com os retalhos de algodão, fiz um taleigo para acolher os pães ainda quentes do padeiro.
Em casa, estão todos com medo que alguém venha roubar o saco do pão. E remato, lembrando que até hoje ninguém roubou pão nenhum, portanto também não será por um taleigo!

sábado, 26 de julho de 2008

Tribal





Na pacata Caldas da Felgueira, mesmo a beira do Mondego, decorre até amanhã o III Festival Tribal.

"O que quer dizer "tribal" Papa... Maman?" Disse uma.
"Vem da palavra tribo, e o que entendes tu por tribo?" Disse a mãe.
"Uma tribo, são os indios" disse a segunda.
"Os cowboys também são uma tribo?" Disse a terceira.
"Uma tribo é constituida por pessoas da mesma raça, da mesma cultura, eventualmente da mesma família..." disse o pai.
"Então os rastas também são uma tribo?" perguntaram as três.

E aí se dançou ao som dos Dyabara.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Coelho salteado "à la forestière"

A "Tasca"

Ingredientes:
- 1 coelho
- 100 gr. de bacon magro em pedacinho
- 1 cebola, 1 echalota, 1 dente de alho
- 1 raminho de tomilho, 1 colher de café de manjerona
- 125 gr. de cogumelos brancos
- 1 maçã
- 2 dl. de vinho branco
- 4 colheres de sopa de cognac
- 60 gr. de manteiga, salsa, sal e pimenta q.b.

Cortar o coelho em bocados, guardar o fígado.
Deitar os pedacinhos de bacon em água a ferver durante 1 minuto. Depois retirá-los e deixar escorrer.
Aloirar o bacon em manteiga, em seguida retirá-los da caçarola e reservá-los.
Colocar os pedaços de coelho na caçarola onde foi refogado o bacon. Acrescenta sal e pimenta q.b.
Faça aloirar o coelho em lume intenso com a cebola picada.
Ao fim de 5 minutos acrescentar a echalota, o dente de alho esmagado, o tomilho, a manjerona e o cognac.
Acrescentar o bacon, os cogumelos, a maçã descascada e laminada, o vinho branco e finalmente a salsa picada.
Deixar cozer em lume intenso durante 15 minutos, mexando de vez em quando.
Colocar o colho na travessa bem quente.
Acrescentar ao molho o fígado picado miudinho, faça reduzir.
Fora do lume, acrescentar o resto da manteiga em pedacinhos.
Deite este molho por cima do coelho.
Servir com purée de batata ou castanha.

Foi no pátio que almoçamos esta deliciosa refeição, enquanto uma chuva miudinha humidificava a terra e libertava deliciosos perfumes.
Bom apetite.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O estojo de agulhas de tricot

"Indo eu, indo eu a caminho de Viseu..." Alegramente no carro de manhã.

"Três palavras, Maman, obrigado, merci, M.U.I.T.O obrigado", já no princípio da noite no regresso á casa.

Do dia, ficou uma imensa alegria, aprofundar as amizades, promessas, muitas promessas sim, já a seguir às férias.
Promessas das novas amigas vir até a nossa casa, promessas de duas mães...

E tudo isto porque...





... há alguns meses (mesmo assim poucos meses) a S. encomendou-me um estojo para agulhas de tricot.
Nunca tinha visto, não fazia ideia, não imaginava o objecto.
Precisava de tempo, de sentir a coisa.
Foi em visita à casa da mãe duma amiga minha, que o descobri. Pedi imprestado.
Olhei, toquei, pensei.

Foi de cabeça.
Nasceu um prado onde se enfiam as agulhas de tricot, uma macieira onde guardar os alfinetes, uma escada para segurar a tesoura, uma maçã, uma nuvem para a poesia.
Foi a primeira encomenda e gostei!
Tenciono desenvolver o conceito.

domingo, 20 de julho de 2008

O pequeno imperador

Era uma vez um menino que veio expressamente da China para festejar os seus 3 anos com a familia e os amigos.
Estava ansioso por ver as "meninas" e "a outra mãe" (eu).
A tarde foi uma brincadeira.
Sopraram-se as velas, e tal como o da mãe, o querido Sebastiâo sonhava com o dele.
Fiz-lhe uma bolsa mais estreita para colocar a colher de paú enquanto cozinhar ou um pincel quando pintar!









Il était une fois un petit garçon que vint exprès de Chine pour fêter ses 3 ans avec sa famille et ses amis.
L'aprés-midi fut un jeu.
Nous avons tous soufflé les bougies, et comme celui de sa maman, Sebastião rêvait du sien. Je lui ai fait une poche plus étroite pour placer la cuillère en bois tandis qu'il cuisine ou bien un pinceau tandis qu'il peint!

sábado, 19 de julho de 2008

O vinagre de estragão

Estragão

O estragão é uma planta que cresce facilmente num canteiro do jardim. É uma planta vivaz.
Ela é um ingrediente essencial do molho bearnês.
Utiliso muito o estragão com o frango, peixe, arroz e saladas.
Em Junho, costumo fazer o vinagre de estragão para o ano todo.

O metodo é muito simples.
Encho uma garrafa com dois punhados de folhas frescas de estragão. As folhas devem encher a garrafa até acima. Rego com o vinagre de vinho branco e fecho hermeticamente.
Deixo um mês no parapeito da janela e ao sol, agitando de vez em quando para que o aroma das folhas impregne o vinagre.
Um mês depois, filtro. Deito um pé de estragão na garrafa para identificar o vinagre.
O vinagre é óptimo em saladas e em molhos para pratos de peixe ou frango.

L'estragon est une plante qui pousse facilement dans le jardin. C'est une plante vivace.
Elle est un ingrédient essenciel pour la sauce bearnaise.
J'utilise beuacoup l'estragon avec la volaille, le poisson, le riz et en salade.
C'est au mois de juin que j'ai l'habitude de faire le vinaigre d'estragon pout toute l'année.

La méthode est très simple.
Je remplis une bouteille avec deux poignées de feuilles fraîches d'estragon. Les feuilles doivent remplir la bouteille jusqu'en haut. J'arrose de vinaigre de vin blanc et ferme hermétiquement.
Je depose la bouteille sur le bord de la fenêtre et au soleil, pendant un mois, en agitant de temps en temps pour que l'arôme qui se degage des feuilles imprègnent le vinaigre.
Un mois plus tard, je filtre. Je depose un pied d'estragon dans la bouteille pour mieux l'identifier.
Le vinaigre est parfait pour des salades et pour des sauces qui accompagnent des plats de poisson ou de volaille.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A Violeta foi à biblioteca...

... com a Julieta e trouxeram um livro, da editora Caminho com as ilustrações de Danuta Wojciechowska.
Ondjaki escreveu um magnífico livro "Ynari a menina das cinco tranças".



"Estavam assim os dois conversando sobre as palavras, a importância que as palavras tinham na vida de cada um, como as usavam, quando as usavam, com quem as usavam, e que significados tinham para o coração de cada um deles...."

quarta-feira, 16 de julho de 2008

O esboço



A Julieta ficou impressionada.
Em pleno Mosteiro de Alcobaça, algures sentada no chão, uma jovem arquitecta traçava o esboço dum túmulo.
A Ju. naturalmente foi espreitar mas acabou por intimida-la.
Sentou-se ao pé dela e disse que também queria desenhar.
De lápis de carvão na mão, desenhou o mesmo túmulo.

terça-feira, 15 de julho de 2008

#01

#01

Deixei-me levar pela inspiração do momento.
Queria, na simplicidade dos materiais, que o vestido pudesse igualmente contar uma história, como as crianças no pátio que apontam com o dedo dizando “ Pic et pic et colégram...”.
Bordei a cantiga na orla da saia.
O vestido conjuga o algodão e o linho.
Tamanho 10-12 anos.
Tudo é feito a mão, com o carinho da Maman Xuxudidi.

Je me suis laissée aller par l’inspiration du moment.
Je voulais, dans la simplicité des matières, que la robe puisse aussi raconter une histoire. Comme ces enfants dans la cour qui désignent du doigt en prononçant « Pic et pic et colégram, bour et bour et ratatam, am stram gram ».
J’ai brodé la comptine dans le bas de la jupe.
La robe conjugue le coton et le lin.
Taille 10-12 ans.
Tout est fait à la main, avec la tendresse de Maman Xuxudidi.

I allowed myself to be carried away.
With the simplicity of the materials, I meant the dress itself to tell a story, like children in the playground stretching out their finger as they babble away « Pic et pic et colégram… ».
I have embroidered the song on the border of the skirt.
Cotton and linen go together in the dress.
Size 10-12 years
Entirely hand-made, with Maman Xuxudidi's care.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

14

Comme Bleu, Blanc, Rouge.





domingo, 13 de julho de 2008

A caminho de Travancinha





No penedo do João Brandão.

sábado, 12 de julho de 2008

Fria

Sopa de pepino

Esta noite, como praticamente todas as noites, há sopa!
Uma deliciosa sopa fria de pepino.
Com um pepino descascado, limpo das pevides, cortado e duas cebolas à rondelas, deito tudo num litro e meio de caldo de galinha e deixo ferver 30 minutos.
Fora do lume, acrescento um punhado generoso de salsa, 1 1/2 dl de natas, sal e pimenta.
Passo tudo e filtro.
Deixo no frigorífico 3 horas antes de levar a mesa com pedaços de tomate e de pepinos.
Esta sopa pode-se comer quente ou fria, conforme a temperatura sasonal.

Ce soir, comme pratiquement tous les soirs, il y a du potage!
Un délicieux potage froid au concombre.
Avec un concombre épluché, nettoyé, coupé grossièrement et deux oignons coupés en rondelle, je jette le tout dans un litre et demi de bouillon de volaille et je laisse bouillir 30 minutes.

En dehors du feu, je rajoute une généreuse poignée de persil, 1 1/2 dl de crème fraîche, du sel et du poivre.
Je passe le tout et tamise.
Je laisse reposer 3heures au réfrigérateur avant de le servir avec des petits morceaux de tomate et de concombre.
Ce potage se mange froid ou chaud suivant la saison.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Grand-père

Grand-père

Nous t'aimons.
Papa, je t'aime.
Merci Rute, pour la réalisation de mes petits rêves!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A minha paleta de pigmentos naturais

A jarra

Levámos no cesto uns ingredientes que iam revelar-se mágicos para as crianças.
Amoras, hibiscus secos, zardarang vermelho e laranja foram juntar-se a muitos outros pigmentos naturais como o café, o chocolate, o barro, o caril, folhas de espinafre, laranja, a gema e a clara do ovo, morangos, pétalas de rosas, chás...
Um workshop bem simpático desenvolvido pela Biblioteca Municipal João Brandão de Tábua, onde as crianças foram descobrindo um leque natural de cores assim como algumas novas tecnicas.
Um convivio caloroso guiado pela Fátima.
Para a semana há mais um projecto Criar com Folhas com o objectivo de promover o livro e a leitura, brincar e descobrir a natureza.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O primeiro vestido

O primeiro vestido

Para correr alegramente pelos campos de milho, eu fiz-te o primeiro vestido.
Descobri o fio de milho para tricotar mas ao toque, o de bambu pareceu-me seda.
É com ela que tricotei a parte de cima do teu vestido.
E para que todas as meninas da casa tenham o seu, já estou a tricotar um segundo com novelo de algodão.

domingo, 6 de julho de 2008

Entre verde e azul



Apanhámos um cesto grande de feijão verde que me vou apressar de condicionar para que possamos comê-los no inverno.
No jardim, a Ju. ajudou a descascá-los enquanto a M. devora mais um livro vindo da Biblioteca Municipal João Brandão de Tábua onde, durante a pausa lectiva, elas gostam de se aventurar.
"A Flor Azul" de Ilse Losa é um conjunto de seis histórias, onde através de bonitas metáforas, o jovem leitor descobre como a diferença não é um entrave à amizade, como saber superar os ciúmes e partilhar os amigos.
As ilustrações são da Lisa Couwenbergh numa 7ª edição de 1990, nas Edições Asa.

sábado, 5 de julho de 2008

Sábado

Tout comme elle

Tal como ela, nus e como um peixe dentro de água!

Tout comme elle, nus et comme un poisson dans l'eau!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Desencantos



Mergulhámos, numa manhã, pelas ruas desertas do Bairro Alto. O bairro cheirava a ressaca. Numa tentativa de mostrar às minhas filhas fragmentos do meu passado... senti-me ultrapassada, procurando alguma estética, encontrando o caos.

Fomos penetrando a cidade de Lisboa, a procura de um pouco de história, explicando o Terramoto de 1755, a reconstrução da Baixa Pombalina, subindo, por fim, Alfama.
Encontramos isto e isto, num misto de surpresa e de tristeza.

Do graffiti, tantas histórias, defendo a sua arte, sim, mas não sobre estas formas, abafando outras artes arquitectónicas.

Descendo devagarinho para o Martim Moniz ainda ouvimos a canção "cheira bem, cheira Lisboa" da Amália Rodrigues que em coro, elas fizeram questão de alterar a canção.

Da boca das crianças sai a verdade!