sábado, 31 de janeiro de 2009

À volta da mesa

Os guardanapos

Chegaram ontem.
E à volta deles as meninas agitam-se. Querem partilhar as novidades, contar os pequenos segredos, os pequenos namoros.
À volta deles a casa veste-se para os dias festivos.



É o prazer de preparar a mesa, de apreciar a ementa e alí ficar, as horas deslizando suavemente.
Contam-se histórias e em cumplicidade com os meus pais, participar dos meus novos projectos.
È o tempo de tirar a mesa e de voltar a estender a toalha.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Nazaré

As ceroulas

Sou grande.
E desde que vivo em Portugal foi sempre um bicho de sete cabeças para encontrar calças que chegassem até aos tornozelos.
Verdade seja dita, nunca precisei de fazer baínhas!

Regularmente, de dois em dois anos e desde há tanto tempo, vou até à Nazaré.
Sempre de Inverno, quando faz bom circular livremente sem congestionamente nas ruas sinuosas da cidade, que de resto, mal conheço.
Acabo por ir sempre ao mesmo lugar, à "Casa dos Escoceses" onde perco o tempo na escolha do novo padrão de lã escocesa para a confecção das ceroulas.
Eram as ceroulas que os pescadores da Nazaré utilizavam para pescar.
Quentes e confortavéis, rendi-me!

As ceroulas

Há uma semana recebi-as juntamente com a camisa que eles utilizavam e que vou usar com uma gola alta por baixo.

A camisa

Na occasião da ida para là, fomos descobrir a nova Biblioteca Municipal onde estava a decorrer uma pequena exposição de fotografia de Artur Pastor.
A Nazaré fora sempre uma fonte de inspiração para os inúmeros fotógrafos que ali passaram como Edouard Boubat, Jean Dieuzaide, Stanley Kubrick.
A nazarena ainda hoje passeia com as suas saias, mais curtas é certo!

Para quem como eu gosta de calças escocesas ou simplesmente dos escoceses para diversas confecções, aqui deixo o contacto deste comércio tradicional que tenta lutar contra a maré dos lanifícios.

Casa dos Escoceses
Praça Dr. Manuel de Arriaga, 16
2450-160 Nazaré
Tel: 262 553 422


Gouache d'Emile Gallois, le Costume en Espagne et au Portugal
Paris, 1935
Edition H. Laurens

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Savoir Vivre

As cunhadas

Foi uma viagem duma semana, nós os dois, só os dois, longe de casa, longe das nossas filhas, mas com a grande cumplicidade delas.
Viagem para matar saudades, encontrar os amigos e conseguir ainda espreitar a rua, viver os seus ambientes.
Respirar história e tradições em harmonia com o presente.
Respirar "Le savoir vivre".

Rue Saint Boniface

Regressar com o coração quente, com vontade de refazer o mundo.
Abrir as malas, ter três pares de olhos curiosos.
Revelar os segredos de tantos achados encontrados um pouco por toda a parte como o chocolate de Chaudfontaine, prosseguindo por Huy, Liège, Marchin e os seus caminhos românticos.
Um pouco ao acaso dos nossos passeios pelos bairros de Bruxelas como Ixelles, os Wax de Matongé, a feira da ladra da Place du Jeu de Ball, l'Avenue Louise, livrarias por toda a parte, a Place Flagey, sem esquecer Gré d'Oiceau, Lasne, Genval...
Olhos arregalados e embevecidos com tantos tesouros!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Chez...



Claire et Jean-Claude, Farid et Barbara, Mumu et Vic, Roland et Jacqueline, Luc et puis surtout Mamy, Cecile et Eric, Evelyne et Alain, Marie-Paule et David, Monique, Mike et Jean-Philippe, Béa et Serge et ces amis qui sont venus d'un peu partout pour nous montrer tout leur amour comme Annie et Daniel, Nicole et Jean-Louis, Ariane pour citer les plus proches, sans oublier les calins des nombreux enfants comme Alysson, Alexandra, Anne-Lise, Nell, Lena, Liam et les jeunes demoiselles Apoline et Morgane.


Un grand merci.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Meia ao meio



Comprei a lã na Retrosaria e, baseando-me nas instruções da Rosa, alterei o ponto tricotando circularmente o canelado 3/1 em toda a perna.
A traseira e a base do calcanhar foram tricotadas com o ponto de liga para uma melhor comodidade.



É a meia que fica a meio para alguns dias.
Na minha mala vão mais meias tão quentinhas como estas para desafiar os grandes frios do norte da Europa.
Até lá!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Eu sei



É a pergunta que mais fiz em toda a minha vida.
É a pergunta que ouço ao menos duas vezes por dia.
Nem sempre encontro respostas.
Porquê Maman?

E da pergunta, nasce cada dia com mais certezas esta afirmação: eu sei.
E eu continuo sem saber.
Porquê?

sábado, 10 de janeiro de 2009

Gastronomias

Crocodilo

Adoro viajar.
Não gosto de pacotes turísticos, não gosto de excursões.
Gosto de me confundir com as outras culturas, empregnar-me de sons, odores, sabores. Descobrir outros ritmos, outros meios de locomoção.
Ao viajar, aprendo.

E não paro de dizer em casa que um dia vamos voltar à estrada... é bom sonhar!

Ensinamos à nossas filhas a não serem dificeis à mesa. Que tudo é bom. E que têm de conhecer novos paladares, novas texturas, porque não é em paises tão distantes que vão comer um bife com batatas fritas (embora não seja um prato que faça parte da ementa caseira).
Quando estamos em casa de outras pessoas, o facto de recusar um prato pode ser sinal de ofensa.
Os gostos educam-se!

Larvas secas

No Natal, o Pai tive um presente muito especial, vindo da República Democrática do Congo, onde nasceu. Larvas secas, uma iguária local.
Ainda não sei prepará-las. Aguardo uma receita.
Mas a vontade é tão grande que hoje resolvi fazer uma Moamba à moda de Kinshasa, acompanhada de Saka-saka, preparada da seguinte forma:
uma lata de folhas de Mandioca devidamente escoada, duas latas de sardinhas em conserva, o molho da Moamba e piri-piri, o todo cozido em lume brando.

Saka-saka

Como não são ingredientes frescos, estou portanto longe de me aproximar dos sabores locais e, se cá é um prato que aconchega em dias de grande frio, là, nos trópicos, é apreciado sobre um grande sol. Aliás, convido-vos a ler com atenção La Gastronomie Congolaise para melhor entender-la, uma questão cultural, aplicavel em qualquer parte do mundo.

...

Partilhar.
Daquele continente, vieram estes lindos tecidos africanos, algo de tão inesperado que me sensibilizou profundamente.
Há dias, a Vera iniciou uma nova página, em português. É a minha evasão para além fronteira.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Silêncios

Formas

Devagar, muito devagarinho, retomo o metro, a régua, o esquadro, o lápis sem esquecer a borracha!
Sinto um profundo silêncio com o qual tenho dificuldade em acostumar-me.
A casa sem as crianças, não é a mesma casa.
Quando elas entraram para a escola, há uns anos, não soube muito bem gerir o tempo. Parecia não saber aproveitá-lo. O isolamento, a ausência dos amigos, longe das minhas actividades favoritas foram determinantes na escolha de uma aprendizagem. Precisava de agarrar algo que permitisse realizar-me, sem sair de casa.
Desta forma, o corte e costura pareceu-me a opção certa no momento certo.
É o sonho delas, verem um dia nascer algo de muito especial e único, só para elas.
As minhas filhas são o meu incentivo!

Blockgame

No silêncio da casa, apanho fragmentos de brincadeiras como este jogo de mosaicos que diverte tanto os pequenos como os grandes, um leque infinito de criatividade.

...

Partilhar Silence , um maravilhoso trabalho de design e de fotografia da dupla Zoe Miller e David Goodman, que entre outros livros publicaram Shape para os mais novos. Sumptuoso!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Reis e Rainhas

Galette...

De baixo da mesa, uma das crianças com o seu ar malandro irá indicar a fatia de Bolo Rei que caberá a cada um de nós.
Bom, não é bem um Bolo Rei, é antes uma "Galette des Rois". Uma deliciosa massa folhada recheada de "frangipane". Dentro da "galette" esconde-se um brinde, que em francês chamamos de "fève", feita em porcelana.

Os "favophiles", assim são chamados os coleccionadores francófonos, têem em França, um museu onde se pode ver peças muito bonitas.

Cada um de nós vai apreciando a sua fatia até que o brinde seja descoberto pela rainha ou pelo rei que por sua vez escolherá o seu par.
São coisas da minha infância, pequenas tradições que mantenho porque são coisas de crianças.
A "Galette des Rois" é antes de tudo um acto sociável. São amigos que vêem a casa partilhá-la.

Mas lá fora o Dia dos Reis tem outras histórias.

Rei ou...


O Dia dos Reis, no mundo cristão ortodoxo que ficou ligado a Constantinopla, corresponde ao Natal dos católicos: os espanhóis mantiveram essa tradição.
Muitos historiadores afirmam que o verdadeiro nascimento de Jesus foi a 6 de Janeiro e não a 25 de Dezembro.
Mais uma confusão das religiões!
Infelizmente no mundo de hoje, por esse mundo fora, uma festa familiar transformou-se numa festa escandalosamente consumista para uns, frustante para quem não tem nada nesta sociedade de desigualdades.

domingo, 4 de janeiro de 2009

O dedal




É tão bom ter as meninas em casa.
Novos horários, os nossos horários, os das férias. E essas férias, estão a acabar.
As mochilas, lavadas, já estão prontas, os estojos com o devido material completado, os trabalhos de casa feitos.
Foram muitos para algumas, mas para a C. foram sobretudo livros vindos da escola com recomendação de muita leitura.
Dois livros, cada um com o seu lobo.

Um Lobo pela Trela é um conto tradicional reescrito por Guido Visconti, com ilustrações de Daniella Vignoli, Livros Horizonte, 2005.

O Capuchinho Cinzento de Matilde Rosa Aráujo com ilustrações de André Letria, Paulinas Editora, 2005.

Pedi-lhe que me fizesse o resumo deste último livro já que o primeiro, era mais complexo no sentido em que a estratégia que Osvaldo teve para levar uma couve, uma ovelha e um lobo à feira, encontrou como principal obstaculo, o rio.
Pensar é um bom exercício que nos propõe este livro.

O meu primeiro quilt

Quanto ao Capuchinho Cinzento, que é senão o Capuchinho Vermelho, passados muitos anos após o episódio do lobo com a sua avó, emos uma velhinha de capuchinho cinzento, com o dedal posto no dedo remendando calções e sainhas dos netos...
Com o dedal no meu dedo, estou a alcochoar a manta que fui deixando para trás.
Quero acabá-la antes de iniciar novos projectos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Ao vento

O moinho de cima
Moinho de Cima, Montedor.

O moinho do marinheiro
Moinho do Marinheiro, Montedor.

No moinho do petisco


Moinho do Petisco, Montedor.

Para eliminar os pequenos excessos da noite anterior, fomos dar um pequeno passeio matinal à volta do Farol de Montedor, onde ainda se podem ver os moinhos de vento.

Viana do Castelo tem um vasto e riquíssimo património histórico-arqueológico que o tempo teimou em preservar.

Para as crianças, foi tempo de novas descobertas.